terça-feira, 29 de outubro de 2013

A Dor de não caber...

 Sentir ou não sentir, já não me basta. Não é o que espero tampouco o necessário. O que me bastaria era caber. Caber em mim mesma e não possuir pedaços imensos e fortes cabendo em outros.
É sim necessário vivermos e vivenciarmos com nós mesmos e com os outros. Porém, se já nos coubéssemos em nós mesmos e só nos multiplicarmos em outras vidas, outras almas, seria o correto, o seguro.
O medo já fez parte dos meus dias, mas deu lugar, lugar até bastante vasto, a vergonha. Não fiz, não vivi, não falei nada indecente, inescrupuloso, contudo os meus pedaços doados aos outros foram, sem minha permissão, triturados, mastigados. E então, porque a vergonha, se não fui eu?  Porque quem mais poderia ter cuidado de mim, não cuidou. Eu mesma.
Entreguei-me ao sacrifício, como cobaia a testes desumanos, para outros humanos se satisfazerem, para se auto afirmarem e afirmarem a terceiros o que nem eles mesmos, embora suas grandiosidades, conseguiriam ser e construir em si.
Se “catar”. Já ouvi muito essa expressão, obviamente que em outros sentidos, mas hoje estou tentando a duras dores e poucas forças, me catar. Catar por aí, pelo mundo, pelos cantos zombados, por pensamentos alheios, nas indecências, catar meus pedaços. Acredito até que não sejam mais pedaços, e sim, fragmentos, cacos, farelos deixados por seres que se alegraram, viveram, se amaram, se poetizaram, cantaram...com uma vida que não era deles, até porque, para talvez precisarem agir dessa forma, eles não tenham vida. Tão somente, diminutamente, existam no mundo, sem sequer  terem a capacidade de fazer parte dele. Mas perdoo. Perdoo por não conseguirem ser nada além de pequenez no vazio.
Preciso caber inteiramente em mim mesma, para suportar a vida.

Aline Frota.

terça-feira, 2 de abril de 2013

De verdade...




Sou clara de alma. Não sou de meias verdades, mas de verdades inteiras, diretas. Mas com cuidado no íntimo do outro. Sou intensa, mas não de radicalismos, e sim de entregas. Sou nata, nata dos meus pais, dos valores que escolhi como princípios. 
Não preciso culpar o sistema, as pessoas, o capitalismo, a burguesia, o mundo, por eu não ser o que finjo e na verdade nem consigo ou gostaria de ser.
Eu escolhi ser CHEIA. Cheia de vida, de amigos, de família, de acertos e mais ainda de erros, cheia de mim. Cheia de verdades claras, percebidas em minha alma, em cada sorriso, cada antipatia, nas minhas roupas, nas minhas havaianas.
Sou de verdade e não um discurso bonito, intelectualizado, tido como diferenciado, de mentiras que nem eu mesma consigo dar sentido e vida.
Escolhi ser cheia, porque de vazia, já bastam as mentiras propagadas.
Não quero ser A melhor, afinal, tem coisa mais sem graça? Quero estar no caminho, aprendendo, acertando, errando e me divertindo, com sorriso na alma, porque o sorriso físico, é pouco pra mim.

Aline Frota.